Antes de fazer minha primeira
entrevista de emprego, achei que me daria muito bem. Antes de deixar
minha personalidade excessivamente confiante e metida de lado, era muito
dono de mim, muito nariz em pé, o que me daria toda estrutura pra
encarar os entrevistadores. Quando assumi minha natureza desastrada,
assumi também que minha entrevista quase foi um fiasco total. Por que
não foi?
Porque fui sincero. Sei que todos os guias da internet te dizem pra manter postura, ser você mesmo, centrado, focado, mas a realidade é que o nervosismo te quebra.
Pelo menos na primeira entrevista. Mesmo um cara confiante vai sentir a
tensão, não por ter seu currículo posto à prova, mas pela seriedade e
pressão que uma entrevista exerce. Aí você treme na base.

Se
tiver de fazer uma prova ou teste na hora pra mostrar pros
entrevistadores (no plural, pois assim foi comigo) o que você sabe, se
você tem agilidade e tal, a pulga coça até no olho. Se você tem
problemas em fazer as coisas com pessoas observando, vira o apocalipse
na Terra.
Se tiver a mesma sorte que eu, conseguirá avaliadores que enxergam
através do nervosismo (mesmo que pouco aparente), que te enxerguem como o
aprendiz que é, correndo atrás da primeira chance pra lidar com a
rotina do mercado de trabalho, pessoas que se colocam no seu lugar, que
te julgam além de um profissional, mas como humano.

O
que não significa que você deve relaxar e esquecer aqueeeelas outras
dicas de foco, concentração e blá, blá, blá. Ter consciência de que você
precisa passar uma imagem responsável e empenhada, com fome de aprender
e melhorar, te direciona, cria uma seta mental e invisível que todos os
presentes na sala podem sentir. E use roupas confortáveis, ok?
Essa imagem não precisa nem deve ser falsa. Fale sobre suas
limitações, converse sobre o que você sabe. Não atire no escuro, não
minta, não suponha ou deixe que sua confiança (ou tentativa de ter uma)
se transforme em soberba. Lembre-se que além de suas habilidades, te
avaliam como órgão de um corpo que não funciona sem todos os outros
pedaços — funcionários — e mostrar que você é tranquilo de lidar (ou
tenta ser) é ganhar pontos.

Por isso, respire, inspire e não pire!
Ao invés de olhar essa entrevista como ida ao carrasco, veja como uma
das milhares de oportunidades que você terá para chegar onde quiser, não
desmerecendo essa vaga, mas tendo consciência de que errar é humano e
que se você não for escolhido, bem, não foi.
Existirão outras chances. Poucas cairão do céu, muitas serão resultado
de suas buscas incessantes e cansativas, mesmo quando tudo parecer não
funcionar. Até que um dia você terá um contrato assinado, o primeiro
salário, novos amigos — talvez alguns inimigos — e um monte de novas
esperanças, encarando desafios cada vez mais difíceis e, espero,
prazerosos.
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